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Sexualidade conectada

  • Camilla Holz, Joyce Jardim, Karol Silva
  • 17 de jun. de 2015
  • 8 min de leitura

Grande Reportagem:

Como a popularização da internet e a modernidade mudaram as relações sexuais e trouxeram grandes inovações na busca pelo prazer. Conheça a revolução sexual que culmina no sexo do século 21.

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Com o passar dos anos tudo é reinventado: a forma de ver o mundo, o modo de amar e até a maneira de se relacionar com o outro. O advento da internet trouxe para os dias de hoje novas visões de relacionamentos, facilitando por um lado e distanciando por outro. Vivemos em um mundo conectado, que não se restringe ao virtual, mas grande parte dele acontece nesse contexto.

A relação entre os indivíduos não poderia ficar fora dessa nova realidade. A popularização de novas tecnologias e novas formas de comunicação inova os conceitos sobre relação sexual, possibilidades de prazer e de interação entre eles.

No início, o mundo tinha uma visão limitada sobre o sexo, restringindo-se à reprodução ou como ferramenta para criar intimidade afetiva entre pessoas. Milhares de anos depois, homens e mulheres têm uma mente aberta e é possível presenciar cenas que a priori assustam, mas tornam-se cada dia mais comuns.

Aliado a esse cenário, percebemos o surgimento de alguns seguimentos que tentam proporcionar prazeres diferentes e cada vez mais acessíveis. A internet torna-se assim instrumento de mediação, sendo responsável pela propagação dessas novas ideias.

O comércio do sexo tem superado as expectativas e vem crescendo de forma muito significativa. Na Europa e nos Estados Unidade já é comum sites especializados em webcam girl, strippers virtuais, sexo online e a contratação de acompanhantes de luxo. No Brasil, esse mercado vem crescendo aos poucos e ganhando espaço na mídia televisiva, como em reality shows, minisséries e filmes.


Sex Shop virtual


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É possível encontrar milhares de sites que comercializam produtos eróticos. Geralmente são empresas que possuem a loja física e expandem para a loja virtual, com a intenção de atingir um maior número de clientes. A proprietária do Sex Shop Amor de luxo, Amandha Silva, que está no mercado há quatro anos, acreditou nesse ramo e investiu em uma loja física e também virtual. Atualmente conta com site, fan page no Facebbok, Instagram e vende para todo o Brasil. O site conta com mais de 300 produtos, que variam de 5 a 1000 reais, entre eles estão brinquedos eróticos, lingeries, infláveis, livros, entre outros. “Os compradores que preferem ser discretos procuram a compra virtual, assim têm mais liberdade e discrição. A maior parte de nossas vendas é online e para pessoas entre 20 e 40 anos”, aponta a empresária.


Acompanhantes de Luxo


Além da venda de produtos os internautas também encontram serviços. Basta digitar em algum site de pesquisa as palavras “Acompanhantes de Luxo” que o resultado é surpreendente: uma infinidade de plataformas com fotos sensuais e informações, oferecendo o serviço para seus contratantes. “Facilita muito pros dois lados, porque o homem pode escolher exatamente o que ele quer, a mulher do jeito que ele quer, porque lá vai ter tudo sobre ela, as fotos e tudo que queremos saber. Pra mulher também facilita muito, porque ela vai ter clientes a vontade. Caiu na net, já era”, destaca Wallace Schimicoscki, 26 anos, estudante de Publicidade e Propaganda.


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As acompanhantes de luxo são mulheres que saem com homens para lhe proporcionarem horas agradáveis em troca de dinheiro. Diferente das garotas de programa, elas são mulheres elegantes e inteligentes, oferecem carinho e proporcionam momentos de prazer aos seus clientes. Flávia Hoffman*, de 26 anos, reside em Pelotas, Rio Grande do Sul e escolheu a profissão como alternativa para ganhar muito dinheiro em pouco tempo. Flávia usa como único meio de divulgação a internet e segundo ela é mais seguro, além de atingir um grande número de pessoas. O seu cachê é de 200 reais a hora, atende em hotel ou motel, de segunda à sábado, das 13 às 22 horas. Essas informações e as características físicas estão disponíveis no site.

Quando questionada sobre o perfil do seu cliente, disse serem homens entre 25 e 50 anos. “A maioria dos contratantes são empresários bem sucedidos, casados, que amam suas esposas, mas com a rotina pesada perdeu o carinho, a atração e até o diálogo entre o casal. Também tem os jovens, que estão muito engajados em projetos, nos estudos ou em empresas da família e não têm tempo nem paciência para relacionamentos”, afirma Hoffman.

Contrapondo a opinião de Flávia, a psicóloga Ana Paula Borba, formada pela Universidade Paulista (UNIP), destaca que hoje em dia os homens podem estar procurando acompanhantes de luxo e se envolvendo com sites relacionados ao sexo com frequência, por uma retenção na fase fálica. Fase esta que se encontra dentro dos estágios que o ser humano vivencia no seu desenvolvimento sexual (libido).

Segundo Freud, qualquer criança que passe por uma frustração em qualquer uma das fases sexuais poderá desenvolver uma neurose ou ansiedade na sua fase adulta. Essa neurose ou até mesmo ansiedade reflete em dificuldades de focar em relacionamentos duradouros e fiéis, fazendo com que os homens procurem esse tipo de envolvimento para concretizar a satisfação sexual. “Os homens, mais que as mulheres, conseguem distinguir sexo e amor (sentimento), podendo ser esse o motivo da existência de relacionamentos pagos, tendo como único fator o envolvimento sexual”, acentua Ana Paula.

As acompanhantes de luxo estão rodeadas por homens ricos e inteligentes, frequentam bares, restaurantes e hotéis caríssimos e tem uma rotina de luxo. Mas, muitas mulheres têm dificuldades para lidar com essa realidade e com o passar dos anos, começam a sentir um vazio e percebem que é hora de parar. Joselin Retamalez, chilena, 22 anos, está em uma casa de recuperação para dependentes químicos em Brasília. Começou a trabalhar como acompanhante aos 18 anos, mas tornou-se alcoólatra e usava o dinheiro dos atendimentos para sustentar o vício. “O que veio primeiro foi o vício. Por intermédio do álcool eu conheci essa vida, que achava ter todo o complemento. Tinha o sexo, dinheiro fácil, o álcool grátis, o cigarro e o resto já não significava nada”, desabafou Joselin. Relatou ainda que considera um mundo cruel, onde você pode ganhar muito, mas também perder tudo. Joselin resolveu seguir outra direção quando perdeu a guarda da filha por conta do vício. Hoje se considera uma pessoa completamente nova, com valores, respeito e dignidade.


Ainda existem contradições quanto a essa profissão. Algumas pessoas aceitam outras não concordam com a vida que essas mulheres levam. Existem pessoas influentes, como o Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) que defende a causa e os direitos delas como profissionais. A maioria das mulheres que resolvem atuar nesse mercado, diz ser um ramo arriscado e é necessário ter cuidado, mas que buscam usar a profissão para realizar sonhos e alcançar seus objetivos.


Sexo online


No mundo virtual os internautas ainda encontram outros meios de satisfazerem seus desejos sem necessariamente envolverem-se com uma mulher, correndo o risco de apaixonarem-se ou de serem descobertos. É através das webcam girl ou strippers virtuais, que realizam as fantasias dos homens em frente à webcam. Apenas um monitor os separa. “A possibilidade de interagir com uma mulher que não conheço e saber que ela realizará minhas fantasias é o que me fascina. Sem sair de casa e sem precisar conquistar uma mulher para estar comigo, posso ter um momento de prazer e ainda tenho a possibilidade de interagir com ela e vê-la sentir muito prazer”, revelou Bruno Pereira*, empresário, 35 anos, adepto a essas inovações.

A profissão ficou muito conhecida quando Clara Aguilar participou do Big Brother Brasil 14. Clara foi webcam girl e ocupou o primeiro lugar no site por muito tempo, que era ativo nos Estados Unidos, sendo bloqueado para os demais países. Com a intenção de terem uma remuneração melhor e para se resguardarem, a maioria escolhe determinadas localidades onde seus sites poderão ser acessados.

Essas novas formas de prazer é o que podemos chamar de “a revolução sexual”, que vai muito além do sexo entre quatro paredes, é o sexo do século 21. A rotina intensa e estressante proporciona a busca por alternativas mais confortáveis e práticas e a internet tem proporcionado esse encontro. Ainda não é possível dizer quais são as consequências dessas transformações, mas a cada dia o mundo virtual surpreende a todos com suas inovações.


*Nome fictício

Confissões de um ninfomaníaco


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Mário* tem 20 anos, mora em Foz do Iguaçu, é estudante de Engenharia Civil e considera-se ninfomaníaco – quem tem dependência física e psíquica por sexo. Desde os 13 anos possui uma vida sexual ativa e sempre foi muito interessado em descobrir os mistérios do sexo. Encontrou na internet uma forma de saciar sua curiosidade e também de satisfazer suas necessidades. Fizemos algumas perguntas para entender a sua realidade e o que pensa sobre sexo.


Blog: Como você confirmou ser um ninfomaníaco?


Mário: Eu fui ao psiquiatra e diagnosticado com esse problema. Considero-me doente e viciado em sexo, em qualquer lugar e tudo que está ao meu redor, eu associo ao sexo. Tanto é que aos cinco anos tive o primeiro contato com uma imagem pornográfica e aquilo mexeu comigo de uma forma diferente.


B: Você acha que a internet reinventou a forma dos indivíduos se relacionarem e de realizarem seus desejos?


M: Sem dúvidas, a internet facilitou o acesso a esse conteúdo, tornando possível e fácil a prática de relações virtuais. Até porque muitos homens satisfazem seus desejos apenas com fotos e vídeos eróticos, não necessitando do contato físico.


B: Você já comprou produtos eróticos pela internet? As lojas virtuais facilitaram o acesso a esses produtos?


M: Já comprei muitos produtos eróticos pela internet que condiziam com meus gostos. É interessante que as pessoas tenham contato com esses produtos, pois auxiliam na busca pelo prazer. Além do mais, a compra online facilita o acesso a esses produtos, sem que o cliente precise se expor.


B: O que você pensa sobre sexo online consensual? E sobre webcam girl e stripper virtual?


M: O sexo virtual de uma forma consensual e com limites pode ser muito saudável e útil para a resolução de vários problemas, como a distância entre os casais. Já sobre webcam girl e stripper virtual penso que seguem os mesmos traços e personalidades de uma acompanhante de luxo ou de uma profissional do sexo, porém elas sentem medo e usam da distância de seus clientes para se sentirem mais confortáveis e aptas a realizar o serviço. Ainda existem aquelas mulheres que possuem uma dupla personalidade e procuram a internet para manter o anonimato.


B: Você já procurou uma acompanhante de luxo? Porque?


M: Não, porque eu nunca vi necessidade de pagar alguém para satisfazer um desejo sexual. Apesar de respeitar pessoas que usam o sexo para receberem dinheiro, eu acredito que os valores e direitos dessa pessoa diminuem pela atitude de receber para satisfazerem prazeres sexuais, já que o sexo é livre e natural, que qualquer pessoa pode usufruir de forma gratuita, desde que seja consensual.


B: Em sua opinião, porque os homens pagam por sexo?


M: Eu acredito que homens que pagam e optam por esse serviço, são homens que tem abalos psicológicos, como baixa autoestima ou falta de autoconfiança.


B: Em relação aos homens casados, porque você acredita que traem com acompanhantes?


M: Muitos homens têm fantasias e desejos sexuais que são repreendidos pelo olhar da sociedade puritana. Esses homens muitas vezes tem vergonha ou não se sentem a vontade para compartilhar essas vontades com suas companheiras, pois isso pode acarretar consequências no relacionamento. Assim, eles procuram mulheres dispostas a realizar esses fetiches.


B: Qual a influência da internet na sua vida sexual?


M: Através da internet consegui quebrar paradigmas e dar um avanço sem que eu tivesse nenhum contato. Desde que eu era virgem, aos 12 anos, já buscava teorias sobre o sexo na internet, que sempre foi muito acessível. Essa pesquisa me trouxe segurança, pois na teoria eu sabia determinados assuntos e o conhecimento proporcionou um bônus em minhas relações. Também percebi que fora da internet o assunto é pouco discutido de uma forma aberta. Não é tão simples encontrar livros em uma biblioteca pública com instruções sobre relação sexual. A internet proporciona essa discussão profunda, onde as pessoas usam do anonimato para falarem de temas considerados constrangedores quando tratados pessoalmente.


*Nome fictício








 
 
 

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